CAMINHO DO TÍTULO - 40 ANOS: MAC bate o Flu e é campeão da Copinha de 1979

Marília foi o primeiro clube do interior a conquistar o troféu da principal competição de base do Brasil

Por Redator JDM

20/01/2019 - 16:36

 

Jorge Luiz

Tradicionalmente a final da Copa São Paulo Junior (principal competição de base do Brasil) acontece no dia 25 de janeiro (aniversário da capital), no estádio do Pacaembu. Entretanto, o título do Marília Atlético Clube (MAC), conquistado na edição de 1979, completa hoje (dia 20) exatos 40 anos e a partida foi realizada no Canindé (campo da Portuguesa), com a vitória sobre o Fluminense-RJ pelo placar de 2 a 1.

Desde o último dia 7, a reportagem JM vem fazendo o caminho do título maqueano, com a publicação de matéria no dia de cada jogo (há 40 anos) até a final. O Maquinho foi campeão invicto. Na 1ª fase terminou o ‘Grupo 2’ na liderança, com empate diante do Atlético-MG (1 a 1) e vitórias sobre: Corinthians (1 a 0) e Brasília-DF (2 a 1). Nas quartas de final, eliminou o Cruzeiro-MG (1 a 0) e na semifinal passou pelo Juventus nos pênaltis (4 a 3), depois de 1 a 1 no tempo normal.

O MAC participou da Copinha pela primeira vez em 1979 e só conseguiu a vaga, porque havia sido campeão do Paulistão do Interior, um ano antes. Na final do dia 20 de janeiro contra o Fluminense, o Marília já não era mais um “azarão”, pelo fato de ter passado por grandes clubes do Brasil. No entanto, o favoritismo era dos cariocas, que em dez edições da competição, haviam levantado o troféu de campeão três vezes (1971, 1973 e 1977).

O grupo maqueano de jogadores para a Taça São Paulo tinha cinco desfalques importantes. O goleiro Paulo César, o zagueiro Márcio Rossini e o meia Jorginho haviam sido convocados pela Seleção Brasileira, para a disputa do Sul-Americano sub-20. Os laterais Reinaldo (direito) e Pereira (esquerdo) estavam na equipe profissional. “Na época nenhum atleta que já tinha atuado entre os profissionais poderia jogar a Copinha. Por isso tivemos mais essas duas ausências. Mas mesmo assim isso só mostrou que nosso elenco era forte”, ressaltou o técnico Walter Zaparolli.

 

Cantando vitórias antes da hora

Em 2009, quando o título da Copinha completou 30 anos, a reportagem JM entrevistou o atacante Luís Sílvio, eleito a revelação daquela edição. Ele lembrou que antes da partida foram muitas provocações por parte dos atletas do Fluminense, que já se consideravam campeões. “Um dia antes do jogo eu fui ao orelhão à noite ligar para minha família e o goleiro deles (Luís) estava falando com a namorada ao telefone e não me viu atrás esperando para ligar. O que ele disse mexeu comigo: ‘Esse título já é nosso’. Falou para a namorada e ela perguntou: ‘Quem vocês vão enfrentar?’ Ele não sabia dizer o nome e falou assim ‘É uma equipe com nome de mulher’. Quando ele terminou de falar eu o chamei e disse que nosso time se chamava Marília”.

Luís Sílvio levou essa e outras provocações que ouviu dos jogadores do Fluminense para o grupo. “Isso com certeza foi um combustível a mais para nós naquele momento, pois nós sabíamos que os cariocas eram os favoritos, mas tínhamos capacidade para vencê-los”, lembrou o técnico Walter Zaparolli. “Antes da partida a Rede Globo filmava os jogadores do Fluminense dançando junto com uma escola de samba que eles trouxeram do Rio de Janeiro”, recordou o presidente Pedro Pavão, em entrevista em 2009.

O goleiro Luiz Andrade disse que a união do grupo foi fundamental para realizar aquela campanha. “Quando chegamos em São Paulo, a primeira coisa que o Zaparolli nos disse foi para que ficássemos sempre juntos. As refeições só poderiam ser iniciadas quando todos estivessem à mesa e o mesmo acontecia quando acabávamos, ninguém se levantaria até o último terminar. Isso chamou a atenção dos outros times”.

 

Final com muita chuva

“No dia do jogo chovia muito e isso nos deu uma boa vantagem, porque o time do Fluminense era mais técnico que o nosso”, afirmou Luiz Andrade. A partida começou às 15h30 e logo aos cinco minutos, Luís Sílvio abriu o placar. “Eu arranquei com a bola do meio-campo pela esquerda, passei por dois marcadores e quando estava chegando próximo à área eu a chutei e ela foi no ângulo esquerdo. Eu poderia ter carregado mais a bola, mas um outro zagueiro vinha ao meu encontro e com certeza me derrubaria. Naquele jogo eu voltava de contusão e fiquei com medo dele me tirar de campo”, explicou.

Luís Sílvio havia machucado no tornozelo na semifinal contra o Juventus e sua confirmação na final veio apenas no aquecimento. O Fluminense empatou com o volante Kleber já nos acréscimos, aos 41 minutos do 1º tempo (na Copinha os jogos tinham dois tempos de 40 minutos). Escanteio batido pela direita, a bola foi desviada na primeira trave e o jogador do clube carioca pegou um belo voleio e mandou no canto esquerdo do goleiro Luiz Andrade.

“Quando o árbitro apitou o final do primeiro tempo, o Júlio (zagueiro) e eu fomos discutindo rispidamente até o vestiário. Ele dizia que no lance do gol eu tinha que ter saído na bola e eu dizia que a bola não era minha, pela distância. Se não fosse os outros jogadores nos segurarem, teríamos saído na porrada. Porém, depois ficou tudo bem entre nós, a reclamação era porque queríamos todos vencer”, lembrou Luiz Andrade.

 

2º tempo

Na volta do intervalo, o MAC marcou o gol do título aos oito minutos. Em contra-ataque pelo meio, o centroavante Roberto fez um belo lançamento rasteiro entre três marcadores do Fluminense e o atacante Jair apareceu livre para receber a bola, invadir a grande área e tocar no canto esquerdo (2 a 1). “O Jair pegou a bola na mão e foi na direção do goleiro Luís. Aquele mesmo que fez pouco caso da gente conversando com a namorada no orelhão. Ele chegou perto e disse: ‘Toma aqui a bola e leva para sua namorada’, detalhou Luís Sílvio.

“Quando fizemos o segundo gol, nós conseguimos nos fechar bem. O Fluminense não conseguia atacar. Antes de recebermos o troféu de campeão ele havia sido um pouco amassado, pois o Júlio (zagueiro) mandou a bola longe, aos 44 minutos do 2º tempo e ela acertou a taça”, falou Zaparolli.

Quando retornaram a Marília, os jogadores desfilaram com o troféu de campeão, em um caminhão do Corpo de Bombeiros. A carreata percorreu a avenida Sampaio Vidal. O Marília foi o primeiro clube do interior de São Paulo a conquistar o título da principal competição de base do Brasil.

 

Ficha técnica:

 

Local: Estádio Independência (Canindé), em São Paulo

Árbitro: Edvaldo Pereira da Silva

Auxiliares: Pércio Leite e Adjaime Pires Barbosa

Cartões amarelos: Júlio e Luiz Andrade (Marília); Luizinho, Jorge Luís, Willer (Fluminense)

Gols: Luís Sílvio 5/1T e Jair 8/2T (Marília); Kleber 41/1T (Fluminense)

 

Marília – Luiz Andrade; Fernando, Júlio, Marcos e Deléo; Amadeu, Toninho Viera e Carlos Alberto Borges (Sérgio) e Jair; Luís Sílvio e Roberto. Técnico: Walter Zaparolli.

 

Fluminense – Luís; Edvaldo, Willer, Jorge Luís e Zezinho; Joel (Edson), Kleber e Marcos; Mario Jorge, Luizinho e Almir. Técnico: José Faria.

 

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